quarta-feira, 18 de julho de 2007

Mais um desastre...

Eu gostaria de voltar a escrever poesias e contos...
Ou de escrever bregas crônicas românticas do cotidiano...
Mas...
PUTA QUE PARIU!!!!
Quantas pessoas mais terão que perder suas vidas, seus sonhos, suas famílias?
Quantas pessoas mais terão que perder um futuro ao lado do pai, ou da mãe, ou do irmão, ou do primo, do amigo, da namorada, do esposo?
Quantas vidas a mais serão necessárias para que saiamos desse nosso torpor hipnótico e passemos a analisar os fatos e cobrar resultados?
(Pausa)

Perdi meu pai aos dois anos de idade, vítima de acidente aéreo. Ele era piloto de caça, pilotava um F-5 E Tiger II. Vinha dos Estados Unidos, depois de passar dez meses estudando o avião. Foi o segundo lugar dentre todos os pilotos do mundo. PRIMEIRO NAS PROVAS PRÁTICAS.
E morreu, ao tentar pousar à noite sem instrumentos... Instrumentos que deram o defeito que ele disse que iam dar, ao fazer uma reclamação aos responsáveis da Northrop (fabricante do avião). Disse que iria fazer uma reclamação formal quando chegasse ao Brasil...
Podia ter ejetado, mas se fizesse isso o avião iria direto para um morro lotado de casas... Preferiu sacrificar apenas uma vida.
Alguns anos depois, pesquisando sobre o acidente de meu pai, li na Veja da época que os aviões haviam sido vendidos como se fossem novos; mas eram "sucatas renovadas" da Guerra do Vietnã... A Veja, como sempre, provava o que dizia, com documentos, fotos etcoetera...
NADA FOI FEITO!!!
(Fim da pausa)

Toda vez que vejo um acidente aéreo, meu cérebro dispara...
Procuro evidências, inferências, o que quer que seja, que me dêem uma pista sobre o que ocorreu.
No caso da Gol, dez meses atrás, acreditei inicialmente em fatalidade. Passei a acreditar em "tendência à fatalidade", ao verificar os relatos dos controladores de tráfego aéreo. Finalmente, cheguei à conclusão de que era um acidente esperado...
Fiquei chocado com o excesso de otimismo das autoridades, que mesmo sabedoras dos problemas existentes "torciam" para que nada acontecesse.
Mas preferi acreditar que "erros servem para acertos". Preferi acreditar que as autoridades (in)competentes haviam repensado suas estratégias. Ledo engano...
O acidente de hoje foi anunciado desde outubro do ano passado, quando um avião da BRA aquaplanou na pista e ficou com o nariz a poucos metros do prédio da TAM Express.
As autoridades decidiram que deviam reformar a pista, para fazer groovings (ranhuras na pista). Isso evitaria que a água se acumulasse e novos acidentes acontecessem.
Então eu pensei: Ôba! Eles agora estão se preocupando em acertar!!!
Pois bem: A reforma foi feita. A inauguração da pista principal foi no último dia 30 de Junho... SEM O GROOVING (AS RANHURAS DA PISTA)!!!
Ou seja: Inauguraram a pista, sem ela estar pronta. PIOR: SEM TEREM FEITO A OBRA PRINCIPAL (O GROOVING)...
E agora me pergunto:
Quantas pessoas mais terão que perder suas vidas, seus sonhos, suas famílias?
Quantas pessoas mais terão que perder um futuro ao lado do pai, ou da mãe, ou do irmão, ou do primo, do amigo, da namorada, do esposo?
Quantas vidas a mais serão necessárias para que saiamos desse nosso torpor hipnótico e passemos a analisar os fatos e cobrar resultados?
Quanto tempo mais será necessário, para culparmos o verdadeiro culpado?!

P.S.: O "verdadeiro culpado", na minha opinião, é o Governo Federal. Ou por incompetência, ou por OMISSÃO!!!


João Bosco De Oliveira.

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